Geralmente, após a implementação de um processo de picking, há a tendência para se recorrer de imediato ao uso destas tecnologias sem tomar em conta, à priori, a estratégia de picking a utilizar. Dependendo do tipo de empresa e da metodologia praticada, existem soluções tecnológicas que poderão apenas trazer à empresa um acréscimo de custos quando a solução poderia constar apenas na alteração das estratégias de organização dos operadores.
Os fatores cruciais na definição da estratégia a adoptar numa atividade de picking são o número de operadores por pedido (se é necessário apenas um trabalhador a operar por pedido ou o apoio de mais), o número de produtos por pedido (se o operador deve recolher um ou vários pedidos em um ou vários deslocamentos) e os períodos para agendamento do picking (qual o número de janelas para a recolha de produtos que devem ser feitas por turno e conciliar o picking com outras atividades como o recebimento e expedição de produtos.
Com base nestes conceitos, podemos diferenciar quatro estratégias de recolha de produtos:
Picking discreto
Neste método, é apenas um operador que inicia e completa a recolha, coletando apenas um produto por pedido. Corresponde à forma de recolha de produtos mais fácil a operar, tendo um baixo índice de erro associado. Apesar da margem de erro ser reduzida, é o método que origina um maior decréscimo da produtividade devido ao excesso de tempo perdido durante os deslocamentos.
Picking por zona
A área de armazenagem é dividida em zonas, conforme os produtos nelas existentes, e cada zona está a cargo de um operador. Face a um pedido (de vários produtos), cada operador recolhe, das suas respectivas zonas, esses produtos e deposita-os numa área comum de consolidação. Isto significa que podem existir vários trabalhadores a operar para apenas um pedido o que é vantajoso em termos de deslocamento, reduzindo-a substancialmente. A maior dificuldade deste método é balancear os artigos e equipamentos de apoio existentes em armazém, segundo o seu giro, de forma a não sobrecarregar uma zona com pedidos. Contudo, as zonas mais produtivas terão que ser as melhores equipadas.
Picking por lote
Neste tipo de atividade, há acumulação de pedidos e por cada deslocamento do operador à área de produto pretendido, este acerta com a soma das quantidades pedidas. Este método resulta numa maior ? produtividade do operador desde que o número de produtos a recolher esteja de acordo com capacidade física do trabalhador. Apesar disto, o índice de erro neste método aumenta quando a separação e ordenação dos pedidos.
Picking por onda
É um método similar ao picking discreto: a cada operador corresponde a coleta de um produto. A diferença consiste no número de agendamentos de pedidos num turno, que é maior, acabando por se verificar a existência de um picking agregado. Assim, os produtos são recolhidos em certos períodos do dia, trazendo vantagens para a conciliação do picking com a recepção e expedição de produtos. Outra vantagem deve-se a esta metodologia pode-se fundir a outros métodos de picking, como é o caso do picking por zona. Mais uma vez, ter e manter um balanceamento apurado da linha é fulcral para esta atividade de forma a evitar a sobrecarga de operadores ou equipamentos.
Bucket Brigades
Uma outra nova estratégia de picking fora desenvolvida por professores da prestigiada Geórgia Tech (Universidade da Geórgia) e já é usada em várias empresas de renome como é o caso da Readers Digest, Blockbuster Music ou Mitsubishi Consumer Electronics América. Esta estratégia denominada de Bucket Brigades tem como função auto balancear as linhas de produção dessas empresas. Isto é, através do aumento ou diminuição das taxas de pedido, o sistema se auto organiza, evitando o sobre carregamento de operadores e/ou equipamentos.
Vantagens
Os principais benefícios do uso da estratégia de bucket brigades são:
Redução da necessidade de planejamento e administração da linha;
Por meio do auto ajuste, o processo torna-se mais ágil e flexível;
Com a otimização da divisão de pedidos, o número das unidades processadas aumenta;
Redução do trabalho secundário e aumento da qualidade do principal trabalho.
A simulação no picking
Para ajuda na decisão das estratégias e equipamentos a usar nas diversas alternativas do picking, a simulação, apresenta-se como uma ferramenta bastante útil. Desta forma, após o traçar das alternativas viáveis ao projeto, devem ser criados modelos computacionais com base em:
tempo de atividade;
número de trabalhadores;
número de equipamentos (empilhadoras, esteiras, etc.);
número de produtos;
perfil dos pedidos;
estratégia de picking;
etc.
O exemplo de um bom sistema a adaptar, é um sistema com uma base estatística nos diversos parâmetros do picking, como nos tempos de recolha e separação de pedidos, número de pedidos recolhidos por dia, utilização da capacidade dos trabalhadores, utilização de recursos, etc. Por meio deste modelo é permitido simular virtualmente esta conjugação de atividades e assim fazer uma análise financeira, prevendo se existe uma relação desejada entre o custo de cada alternativa e o desempenho desejado, evitando a compra antecipada de equipamentos e/ou contratação de pessoas.